quinta-feira, 29 de março de 2012

Prostituição

Recordo me, quando ainda bem pequeno, perguntando a minha mãe, o que seria aquela palavra que acabara de ouvir na TV, uma palavra que ainda não conhecia, o que vinha a ser prostituição. A resposta que minha mãe me deu ,enfaticamente, que eram aquelas pessoas que vendiam suas dignidades.
Cresci, e tornando-me um adolescente, olhava para as prostitutas com um olhar meio de dó, meio de receio....
Quando, já na fase pré-adulta, confesso, como todo homem, que até frenquentei prostíbulos, onde tive oportunidade de conhecê-las melhor e ver que por trás dessas mulheres se escondem almas fortes e belíssimas. Discordando então daquela opinião formada pelo comentário de minha mãe: elas não vendiam suas dignidades e sim, sustentavam-as por motivos que iam além da compreensão humana, faziam porque precisavam sustentar suas famílias, porque não tiveram oportunidades de estudar, enfim, razões completamente justificadas. Algumas até confessavam que sentiam dor na alma, e quando perguntava por que, respondiam-me que era por causa da dignidade, pois para satisfazer pessoas ditas corretas e realizadas, serviam seus corpos como quem dá ao campo de concentração.
Hoje, professor, entendo-as melhor. E melhor entendo a minha mãe, sou professor-prostituto que vende a sua dignidade em prol de adolescentes sem escrúpulo algum, sem interesse nenhum, sem valorização alguma por parte de governantes e sociedade. Prostituo-me em favor de um salário de fome para sustentar a família. Só que tive oportunidade de estudar, o que me torna pior, aos meus olhos...., prostituo-me por causa de um bônus, como se fosse o único motivo que justificasse o meu viver... enfim sou um prostituto que vendo a todo instante, ano após ano minha dignidade.
Se você, assim como eu, é um professor prostituto, sorria e relaxa porque o cassetete é de borracha. (Denilson Filipini – 29/03/2012)